Missio Dei afirma que a missão é obra de Deus, que perpassa e supera as barreiras denominacionais e nos lança numa visão ampla a partir da qual compreendermos que Deus interage com o mundo através da igreja. Bosch[1] esclarece essa questão afirmando: "ela é um empreendimento inteiramente ambivalente executado no contexto da tensão entre procedência divina e confusão humana". Zwetsch, ao refletir sobre a missio Dei, tece o seguinte comentário:
Não
podemos separar Deus e o mundo. Quando falamos de Deus, imediatamente temos de
falar do mundo como âmbito de sua revelação e atuação criadora e salvadora ou
restauradora. A atenção e o amor de Deus transcendem a esfera do que entendemos
por religião, pois dizem respeito ao mundo todo (humanidade, natureza, cosmos).
Assim, podemos entender missão como “participação na existência de Deus no
mundo”.[2]
Com
isso, Missio Dei está relacionada ao
agir de Deus no mundo, que vive em constantes transformações, estando ela
intimamente ligada à natureza de Deus. Logo, faz-se necessária uma releitura,
análise e reelaboração, em nossa teologia de missão uma vez que a missão está
integrada ao mundo.
Roldán
nos apresenta um panorama sobre as mudanças históricas no cenário mundial, que
confronta a igreja, com sua teologia:
Ninguém tem dúvida de que, hoje em dia, a
partir dos eventos históricos acontecidos na Europa nos últimos anos ___
a queda do muro de Berlin, a perestroika, o desaparecimento da URSS como
entidade ___ deram ao mundo um novo mapa geopolítico e ideológico.
Falou-se do “fim das ideologias” e do triunfo ___
considerado definitivo ___ do capitalismo e do neoliberalismo. Hoje
estamos na etapa de “globalização”, sendo o Mercosul um expoente claro desse
fenômeno[3].
Entendendo
que missio Dei é a missão de Deus no
mundo e a igreja é parte integrante dela, não a criadora da missão, pois essa
está ancorada em Deus. Como observa Carriker sobre a origem da missão:
“A missão antes de ter uma conotação humana que fala da tarefa da
igreja, antes de ser da igreja, é de Deus. Esta perspectiva nos guarda contra
toda atitude de auto-suficiência e independência na tarefa missionária” [4]
É importante considerar esses diferentes eventos, pois eles nos
desafiam a novas reflexões frente às significativas mudanças ocorridas no
cenário mundial e no latino-americano.
Autor:
Edson Miranda
[1] BOSCH, David J. Missão transformadora.
Mudanças de paradigma na teologia da missão. São Leopoldo: Sinodal, EST, 2002.
[2] ZWETSCH, Roberto E. Missão como com-paixão. Por uma teologia da missão em perspectiva
latino-americana. São Leopoldo: EST, 2007
[3] ROLDÁN, Alberto Fernando. Para que serve a teologia?
Método, história, pós-modernismo. Curitiba: Descoberta, 2000
[4] Extraído
da citação no artigo do Rev. Gildácio Reis: Paradigmas Missiológicos no Novo
Testamento.
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