Eu poderia eu gritar pelas ruas: Me tornei uma coisa! Me tornei descartável! Sou agora um objeto de consumo imediato! O homem virou uma coisa em meio a tantas outras descartáveis. Se assim eu fizesse estaria consolidando minha posição de coisa... de espetáculo aos curiosos.
O caso de venda de virgindade parece ser alarmante: a lei da oferta e procura definindo quanto vale a virgindade de uma pessoa. Tal comercialização não é uma transação comercial ilegal, realizada na escuridão da noite, nos becos das áreas urbanas... nas casas noturnas. Trata-se uma comercialização aberta na rede mundial de computadores. Tudo indica que viramos uma "coisa"!
O homem passou a ser um objeto necessária ao funcionamento do sistema de mercado (inclui-se aqui as mulheres, que talvez e infelizmente são mais “coisa” que os homens). Nesse sistema ambos tornaram-se também mercadorias. Seu preço? Variando conforme o prazer ou benefício temporário capaz de proporcionar, ou ainda à sua capacidade de
criar outras coisas.
Vivemos um processo de coisificação do homem. Os elementos da vida social perderam seu valor essencial e passaram a ser avaliados como “coisa”, ou seja, quanto a sua utilidade e capacidade de satisfazer certos interesses de outros. O homem desumaniza-se e vira mero espetáculo a outros igualmente desumanizados. Ora, a muito já se denunciava que vivemos na “sociedade do espetáculo”, mas agora maximizado pelo próprio espetáculo. Mortes são vistas como entretenimento televisivo. Desempregados como meras estatísticas informativas do noticiário. Pesquisas são apenas para “matar a curiosidade” dos leitores também coisificados. Quanto mais desgraças, mas os jornais vendem, mas Ibope para a TV!
Norbert Elias explicou, em certa medida, o processo civilizatório. Cabe agora explicar o processo de coisificação que está em marcha... Gritar que somos coisas seria apenas mais uma forma de sermos meros espetáculos? Ops: acho que acabei de ser um...
Fonte: Blog Café com sociologia - http://www.cafecomsociologia.com
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